Por Lauren Netto
A expectativa de vida no Brasil atingiu 76,4 anos em 2023, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (29). Esse aumento reflete a recuperação das taxas de mortalidade que sofreram um forte impacto durante os anos de pandemia de Covid-19, quando a expectativa de vida caiu drasticamente. O número de 2023 representa uma recuperação significativa após os picos de mortes registrados durante as fases mais críticas da crise sanitária.
De acordo com os dados, a expectativa de vida para os homens no Brasil é de 73,1 anos, enquanto para as mulheres é de 79,7 anos, com uma diferença de mais de seis anos. A diferença entre os sexos é notável e está relacionada a fatores como maior exposição dos homens a mortes violentas, como homicídios e acidentes de trânsito, além de comportamentos de risco e hábitos de vida que contribuem para a alta mortalidade masculina.
Além disso, o IBGE registrou uma diminuição na taxa de mortalidade infantil, que caiu para 12,5 mortes a cada 1.000 nascimentos. No caso das crianças até cinco anos, a taxa foi de 14,7 óbitos a cada 1.000 nascimentos. Esses índices refletem avanços nas condições de saúde e nos cuidados maternos e infantis no Brasil.
Impactos da Pandemia
Embora o Brasil tenha alcançado um nível de recuperação considerável, o impacto da pandemia ainda pode ser sentido no cenário global. Estudo publicado na revista Nature Aging apontou que, mundialmente, o crescimento da expectativa de vida desacelerou, e a média global caiu 1,6 ano devido aos efeitos da Covid-19, principalmente entre 2020 e 2021.
No Brasil, a recuperação da expectativa de vida é um reflexo da expansão de programas de saúde pública e do avanço na prevenção de doenças. O IBGE usa esses dados para estimar a longevidade das pessoas no país, o que também influencia cálculos como o fator previdenciário utilizado nas aposentadorias.
Desafios Persistem
Apesar do aumento na expectativa de vida, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à disparidade entre homens e mulheres. A sobremortalidade masculina persiste, com homens de 20 a 24 anos apresentando uma probabilidade de morte quatro vezes maior que as mulheres da mesma faixa etária. Essa realidade está ligada a fatores sociais e comportamentais, além da maior exposição a condições de risco.
Ainda assim, o país segue avançando em indicadores importantes, como a redução da mortalidade infantil, e os dados fornecem uma visão importante para políticas públicas focadas no aumento da longevidade e na qualidade de vida da população brasileira.