Por Lauren Netto
O dólar atingiu um pico histórico nesta quinta-feira (19), chegando a R$ 6,30, mas recuou após intervenções do Banco Central, que injetou US$ 8 bilhões no mercado por meio de dois leilões. A ação conseguiu aliviar a pressão cambial, trazendo a moeda americana para menos de R$ 6,20. Este é o terceiro dia consecutivo que o dólar supera essa marca, consolidando o real como a moeda mais desvalorizada entre as principais divisas do mundo.
Desde janeiro, o real acumula uma queda de quase 21% frente ao dólar, passando de R$ 4,85 no início do ano para R$ 6,12 até 18 de dezembro. No cenário internacional, entre as 20 moedas mais negociadas, apenas três registraram estabilidade ou valorização: o dólar de Hong Kong, a libra esterlina e o rand sul-africano.
O que explica a valorização do dólar?
A alta do dólar tem como principal motor a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, uma estratégia do Federal Reserve para controlar a inflação pós-pandemia. Os juros mais altos tornam os títulos americanos mais atrativos, atraindo investidores globais e aumentando a demanda pela moeda dos EUA.
No Brasil, o cenário é agravado por questões internas, como inflação elevada e incertezas políticas e econômicas. Embora o Banco Central tenha elevado a taxa Selic para conter a inflação, os juros altos não foram suficientes para frear a desvalorização do real.
Impactos no Brasil e o que esperar para 2025
A desvalorização do real afeta diretamente o custo de importações, pressionando a inflação e encarecendo produtos básicos. Apesar das intervenções do Banco Central, as expectativas de melhora para 2025 são moderadas. Projeções indicam que o dólar pode encerrar o próximo ano em torno de R$ 5,85, embora o cenário dependa de fatores externos, como uma possível guerra comercial anunciada pelos Estados Unidos, e de ajustes internos na economia brasileira.
O fortalecimento do dólar evidencia a complexidade do cenário global e os desafios do Brasil em atrair confiança para sua economia. Analistas destacam que, mesmo com intervenções pontuais, a recuperação do real será um processo gradual, dependente de estabilidade política e crescimento econômico sustentável.