Por Lauren Netto
Uma pesquisa conduzida pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) trouxe à tona uma preocupação inédita sobre os chás de saquinho. Segundo o estudo, publicado na revista científica Chemosphere, os saquinhos feitos de polímeros, como nylon-6, polipropileno e celulose, liberam milhões de partículas de micro e nanoplásticos durante o preparo da bebida.
Essas partículas microscópicas têm potencial para serem absorvidas pelas células intestinais e, posteriormente, entrarem na corrente sanguínea, podendo alcançar outras partes do organismo. Os dados acendem o alerta para os riscos à saúde associados a produtos de consumo diário.
Plásticos no chá: detalhes do estudo
A pesquisa avaliou diferentes tipos de saquinhos de chá e identificou o polipropileno como o maior liberador, emitindo até 1,2 bilhão de partículas por mililitro de infusão. A celulose aparece em seguida, com 135 milhões de partículas, enquanto o nylon-6 libera 8,18 milhões.
Os cientistas empregaram métodos avançados, como microscopia eletrônica e espectroscopia de infravermelho, para analisar as partículas. Eles observaram que as células intestinais humanas, especialmente as produtoras de muco, são as mais afetadas, com partículas alcançando até o núcleo celular, onde está o material genético.
Preocupações e próximos passos
A poluição por plásticos em produtos alimentícios é um tema de crescente preocupação. A equipe de pesquisadores enfatiza a necessidade de regulamentação no uso de materiais plásticos em contato com alimentos e reforça a urgência de estudos adicionais sobre os efeitos da exposição prolongada a essas partículas na saúde humana.
Além disso, o estudo destaca a importância de desenvolver métodos padronizados para medir a contaminação por micro e nanoplásticos e adotar políticas que garantam maior segurança alimentar e proteção à saúde pública.