Por Lauren Netto
O ano de 2024 termina com resultados que misturam conquistas e preocupações para a economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou crescimento expressivo, o mercado de trabalho alcançou recordes históricos e o setor formal registrou saldo positivo de 2,2 milhões de empregos. Porém, os números foram acompanhados de desafios, como juros elevados, alta inflação e forte desvalorização do real frente ao dólar.
Enquanto o mercado de trabalho mostrou sinais robustos, com a taxa de desemprego chegando ao menor nível da série histórica – 6,1% no trimestre encerrado em novembro –, o poder aquisitivo do brasileiro ainda enfrenta os efeitos de uma inflação acumulada de 4,87% nos últimos 12 meses. Paralelamente, a Selic encerra o ano em 12,25%, refletindo os esforços do Banco Central para conter o avanço dos preços.
Mercado de Trabalho: recordes e formalização
A taxa de desemprego atingiu 6,1%, a menor da série histórica do IBGE iniciada em 2012. Isso representa 6,8 milhões de pessoas em busca de trabalho, enquanto o número de ocupados chegou a 103,9 milhões. O mercado formal também se destacou, com 39,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada entre agosto e novembro. Apesar disso, a informalidade ainda é alta, representando 38,7% da força de trabalho.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também reforçou o bom momento do emprego formal, registrando um saldo de 2,2 milhões de novas vagas em 2024, superior ao desempenho de 2023. O rendimento médio cresceu 3,4%, alcançando R$ 3.285, enquanto a massa salarial registrou alta de 7,2% no período.
PIB: crescimento em destaque, mas investimentos preocupam
O PIB brasileiro cresceu 0,9% no terceiro trimestre em relação ao anterior, acumulando alta de 4% no ano e 3,1% nos últimos 12 meses. O desempenho foi impulsionado principalmente pelos setores de serviços e indústria, enquanto a agropecuária recuou. Apesar do crescimento, o nível de investimentos na economia gerou preocupações, especialmente em relação ao longo prazo.
Inflação e Juros: impactos no bolso do brasileiro
A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA, ficou em 4,87%, acima da meta do governo. Já o INPC, que impacta diretamente o reajuste do salário mínimo, registrou alta de 4,84%, indicando que o novo piso salarial deve ser fixado em R$ 1.518.
Para controlar a inflação, a Selic sofreu ajustes ao longo do ano, encerrando 2024 em 12,25% ao ano. Essa alta torna o crédito mais caro e reduz o estímulo ao consumo, mas é vista como necessária para estabilizar os preços no médio prazo.
Câmbio: real se desvaloriza frente ao dólar
O dólar encerra o ano negociado a R$ 6,18, acumulando alta de 27% em 2024. A desvalorização do real pressiona a inflação, ao encarecer produtos importados, mas favorece exportadores, que aumentam seus ganhos na conversão cambial.
Esse cenário reflete tanto fatores internos, como o nível de gastos do governo, quanto externos, como a política monetária dos Estados Unidos e a instabilidade do mercado global. O Banco Central realizou leilões de dólares para conter oscilações, mas reforçou o compromisso com o câmbio flutuante.
Com um desempenho misto em 2024, o Brasil inicia 2025 com grandes desafios, mas também com a expectativa de consolidar os avanços registrados no mercado de trabalho e no crescimento econômico.