Por Andrella Okata
O mercado global da soja caminha para um 2025 de preços pressionados pela ampla oferta, com impactos no mercado físico e futuro, tanto no Brasil quanto em outros grandes produtores.
Na América do Sul, o Brasil lidera com expectativas de alta produtividade, apesar de atrasos no início do plantio. Na Argentina, o terceiro maior produtor mundial, as projeções também são otimistas, com uma safra estimada em 55 milhões de toneladas.
A análise é de Rafael Silveira, consultor da Safras & Mercado, que indica uma tendência negativa influenciada por safras na América do Sul e nos Estados Unidos.
Nos EUA, a produção de soja alcança cerca de 121,7 milhões de toneladas, a segunda maior da história, com aumento dos estoques finais em 37,4% em relação ao ano anterior. A oferta confortável, mesmo com aumento das exportações e do esmagamento, coloca pressão sobre os preços internacionais.
FATORES GEOPOLÍTICOS E DEMANDA CHINESA
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode impactar as relações comerciais com a China, maior compradora mundial de soja. “No segundo semestre, o mercado brasileiro pode ser favorecido pela forte demanda chinesa, embora desafios em termos de preços permaneçam”, destaca o analista.
No curto prazo, a China deve garantir estoques suficientes para lidar com possíveis tensões, mas a alta demanda no segundo semestre pode criar oportunidades para exportações brasileiras, diante da boa relação comercial entre os dois países.
No Brasil, a combinação de alta oferta global, dólar valorizado e logística pressionada pode dificultar ganhos de preço para os produtores no primeiro semestre, o que pode levar os americanos a reduzirem a área de plantio na safra 2025/26, trazendo suporte aos preços futuros.
Os ganhos mais expressivos, segundo o consultor, devem surgir apenas no final do terceiro trimestre ou no início do quarto trimestre de 2025, caso o cenário de demanda chinesa permaneça forte e o mercado climático nos EUA crie condições mais favoráveis.