Por Lauren Netto
A Tools for Humanity, fundada por Sam Altman, CEO da OpenAI, está oferecendo criptoativos em troca do escaneamento da íris de pessoas, gerando debates sobre privacidade e uso de dados biométricos. Mais de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo já aderiram à iniciativa, incluindo 400 mil no Brasil.
Mas por que a íris é tão especial? A íris, parte colorida dos olhos, é única para cada indivíduo, incluindo gêmeos idênticos, e não sofre mudanças significativas ao longo da vida. Isso a torna ideal para identificação biométrica, superando em precisão outras modalidades como reconhecimento facial e impressões digitais, segundo a World, empresa responsável pelo projeto.
Apesar de ser uma ferramenta poderosa para identificar humanos e diferenciar pessoas de bots em um mundo cada vez mais influenciado pela inteligência artificial, o uso da íris como dado biométrico exige cautela. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) classifica esse tipo de dado como "sensível" e investiga as práticas da Tools for Humanity, que afirma não armazenar as imagens coletadas.
Como funciona o escaneamento?
O dispositivo Orb, com câmeras de alta resolução, escaneia a íris e gera um código único chamado WorldID. Esse identificador pode ser usado em processos como recrutamento, para garantir que os candidatos sejam humanos, não robôs. Em troca, a empresa oferece um token, um tipo de criptoativo, que pode ser convertido em dinheiro. Relatos indicam que o valor recebido pode chegar a R$ 700.
O avanço no Brasil e no mundo
Desde o início da operação da Tools for Humanity no Brasil, a procura pelo serviço tem crescido rapidamente, com relatos de falta de informações entre os participantes. A ANPD solicitou detalhes sobre a coleta e o tratamento dos dados, enquanto especialistas alertam para os riscos de vazamento ou uso indevido dessas informações.
Apesar das preocupações, a empresa argumenta que sua tecnologia visa um objetivo claro: garantir uma verificação de humanidade confiável em tempos de avanços tecnológicos. No entanto, o projeto continua cercado por questionamentos éticos e legais.