Por Lauren Netto
A Universidade Federal do Ceará (UFC) abriu um edital para a licença de uso da patente de pele de tilápia liofilizada, que poderá ser utilizada em kits de curativos biológicos destinados ao tratamento de queimaduras graves. A tecnologia foi desenvolvida ao longo de uma década pelos médicos Marcelo Borges de Miranda, Edmar Maciel Lima Júnior e pela própria universidade.
A tilápia, que representa 63,5% da produção de pescados no Brasil (equivalente a 486,2 mil toneladas), é uma espécie promissora devido à sua alta disponibilidade e ciclo reprodutivo rápido. O peixe é o segundo mais produzido no mundo, ficando atrás apenas das carpas. Apesar disso, a coleta de peles ainda é limitada no país, principalmente pela ausência de uma cultura voltada à doação desse tipo de tecido, o que restringe o uso em pacientes com queimaduras mais severas.
O projeto tem sido amplamente discutido em diversas frentes acadêmicas, envolvendo 96 iniciativas e mais de 350 pesquisadores. A comercialização dos curativos está em negociação com a Hebron Farmacêutica, empresa pernambucana que possui parcerias com diversas instituições de ensino superior, incluindo universidades federais e estaduais de todo o país. A Hebron poderá ser a responsável por transformar a patente da UFC em um produto disponível para o mercado de saúde.
O uso da pele de tilápia como curativo biológico é visto como um avanço significativo no tratamento de queimaduras, oferecendo uma alternativa mais acessível e eficaz em comparação aos métodos tradicionais. Além disso, o projeto tem potencial para agregar valor à cadeia produtiva da piscicultura brasileira, que deve atingir 80% da produção nacional de pescados até 2030.