Por Lauren Netto
O mercado de máquinas agrícolas encerrou 2024 com uma queda significativa de quase 20% nas vendas no atacado, totalizando 48,9 mil unidades comercializadas. Os dados, divulgados na última quinta-feira (23) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), indicam que o setor enfrenta dificuldades persistentes, especialmente no segmento de colheitadeiras, enquanto os tratores registraram um desempenho um pouco mais estável.
De acordo com a entidade, as perspectivas para 2025 não indicam uma recuperação robusta, a menos que políticas mais consistentes, como um fortalecimento do Plano Safra, sejam implementadas. “Só uma política consistente de Plano Safra pode fazer o setor ter uma recuperação ao longo deste ano”, reforçou a Anfavea em nota.
Exportações e preocupações com importações
As exportações de máquinas agrícolas também sofreram um recuo expressivo, com uma redução de 31% em relação a 2023. Foram enviadas apenas 6 mil unidades ao mercado externo, e a expectativa da Anfavea é de crescimento modesto de apenas 1% para 2025.
Enquanto isso, o aumento das importações, sobretudo de países como China e Índia, acende um alerta para o setor. Mais de 55% das máquinas agrícolas importadas no Brasil vieram da China, enquanto a Índia responde por 26% das importações. Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o aumento das compras de máquinas importadas tem gerado impactos negativos para a indústria nacional, como a redução da competitividade e a perda de empregos.
“A ampliação da participação das máquinas importadas nas compras públicas prejudica a indústria brasileira, a inovação e até o atendimento aos clientes. Todos no país acabam perdendo com essa situação”, alertou Leite.
Agenda prioritária para 2025
Diante do cenário desafiador, a Anfavea apresentou uma agenda prioritária para reverter a crise no setor. Entre as ações propostas, destacam-se:
• Criação de condições atrativas de financiamento pelo Plano Safra e BNDES, além de novas fontes de crédito.
• Recomposição da alíquota do Imposto de Importação para 14%.
• Políticas de incentivo à exportação, com garantia e financiamento.
• Reindustrialização da cadeia de fornecedores locais.
• Renovação da frota de máquinas agrícolas e expansão da mecanização.
• Aperfeiçoamento das políticas de compras públicas para favorecer a indústria nacional.