Pantanal registra 17% de sua área destruída pelo fogo em 2024, segundo pior índice da década

Bioma enfrenta desafios crescentes com mudanças climáticas e falta de ações preventivas

27/01/2025 00h00 - Atualizado em 27/01/2025 às 04h46

Por Lauren Netto

O Pantanal sofreu com queimadas que atingiram 2,6 milhões de hectares em 2024, o que corresponde a 17% da área total do bioma, estimada em 15 milhões de hectares. Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse número é quase três vezes maior que o registrado em 2023, quando 900 mil hectares foram afetados.

Este foi o segundo pior ano da série histórica iniciada pelo Lasa em 2012, ficando atrás apenas de 2020, quando mais de 3,6 milhões de hectares (24% do Pantanal) foram devastados pelo fogo. O impacto das queimadas de 2024 reflete a combinação de fatores climáticos extremos, como a maior seca dos últimos 70 anos, altas temperaturas e aumento do material combustível na região.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou que, se as condições atuais persistirem, o Pantanal poderá desaparecer até o fim do século. “A baixa precipitação, aliada ao desmatamento e às queimadas, está reduzindo a capacidade de regeneração do bioma”, afirmou em setembro, durante uma audiência no Senado.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 14.498 focos de incêndio no Pantanal em 2024, o maior número desde 2020, quando 22.116 focos foram detectados. Segundo a pesquisadora Júlia Rodrigues, do Lasa, embora o clima seja propício para queimadas, a maioria dos incêndios tem origem em ações humanas, como queimadas para manejo agrícola ou a queima de lixo que sai do controle.

Yanna Fernanda, secretária-executiva do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), destacou os esforços para prevenir incêndios desde 2020, como o uso de brigadas de combate ao fogo, educação ambiental e tecnologias de monitoramento. Contudo, ela alerta que 2025 promete ser desafiador. “A estiagem persiste, mantendo a região em estado de alerta. O aumento do nível do rio Paraguai oferece algum alívio, mas não elimina a necessidade de vigilância constante.”


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