Por Lauren Netto
A partir deste mês, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) passa a oferecer um serviço especializado voltado para adolescentes, com foco na prevenção da gravidez precoce. A iniciativa busca orientar jovens e suas famílias sobre os impactos da gestação na adolescência, abordando aspectos de saúde, planejamento familiar e qualidade de vida.
O serviço, disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é destinado a adolescentes entre 10 e 19 anos e inclui aconselhamento sobre contracepção, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e saúde ginecológica. Além disso, o atendimento abrange temas como irregularidades menstruais, higiene íntima e bem-estar emocional.
Uma das estratégias adotadas pelo hospital é a oferta do Implanon, um implante anticoncepcional de longa duração. O método está disponível para jovens mães que deram à luz no HU-UFGD, permitindo a prevenção de uma nova gravidez em curto prazo e garantindo maior autonomia para as adolescentes.
O desafio da gravidez na adolescência
A gravidez precoce é uma preocupação global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), gestações entre meninas de 10 a 15 anos representam um grande desafio para a saúde pública, trazendo riscos tanto físicos quanto emocionais.
Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) apontam que, em 2024, foram registrados 172.857 nascimentos de bebês de mães com idades entre 8 e 19 anos no Brasil. Esse número reforça a necessidade de políticas preventivas e maior acesso à informação e métodos contraceptivos.
A gravidez precoce pode impactar diretamente a vida das jovens, dificultando a continuidade dos estudos, aumentando desafios financeiros e limitando oportunidades futuras. Além disso, adolescentes gestantes estão mais suscetíveis a complicações de saúde, como hipertensão, diabetes gestacional e partos prematuros.
Educação e acesso a serviços de saúde
A orientação adequada e o acompanhamento médico são fundamentais para a prevenção da gravidez na adolescência. O início do acompanhamento ginecológico antes da vida sexual ativa é recomendado, permitindo que os adolescentes tenham acesso a informações seguras sobre os diferentes métodos contraceptivos disponíveis.
Entre os métodos mais eficazes estão os contraceptivos reversíveis de longa duração, como o implante subcutâneo de etonogestrel e o DIU hormonal, que garantem alta proteção e praticidade. Além disso, a educação sexual desempenha um papel essencial na conscientização dos jovens, sendo um tema que deve ser tratado tanto nas escolas quanto dentro de casa.
A redução dos índices de gravidez na adolescência depende do fortalecimento do diálogo aberto entre pais e filhos, do suporte das famílias e da implementação de políticas públicas que ampliem o acesso à informação e aos serviços de saúde. Iniciativas como a do HU-UFGD são fundamentais para garantir que os jovens tenham mais oportunidades e possam planejar melhor o futuro.