Por Lauren Netto
Desde sua criação há cinco anos no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), a Terapia Antimicrobiana Parenteral Ambulatorial (OPAT) tem sido uma alternativa para garantir a continuidade do tratamento de pacientes fora do ambiente hospitalar. A iniciativa já atendeu mais de 1,4 mil pessoas e permitiu uma economia de, pelo menos, R$ 5 milhões em diárias hospitalares.
O serviço possibilita que pacientes que ainda precisam de medicação intravenosa retornem ao hospital apenas para receber o medicamento, sem a necessidade de permanecer internados. Isso libera leitos para novos atendimentos e melhora a gestão hospitalar.
Responsável pelo serviço, a médica Alexandra Casarin explica que a OPAT funciona como uma extensão do tratamento iniciado durante a internação. “A intenção é otimizar a estadia do paciente, garantir a desospitalização e girar o leito. Ou seja, permitir que outros pacientes sejam atendidos. Mas todo o trabalho é feito com bastante cuidado para garantir que não haja descontinuidade do tratamento”, explicou.
Critérios de atendimento
Para ter acesso à OPAT, o paciente precisa estar internado no HRMS e atender a requisitos específicos. O encaminhamento é feito pelo médico assistente, que solicita uma avaliação da Assistência Social. Caso o pedido seja aprovado, o paciente passa por nova análise da equipe médica e de enfermagem da OPAT.
Com a confirmação da elegibilidade, o médico responsável providencia a alta, garantindo que o paciente saia com todos os documentos necessários, como laudos, receitas e prescrição médica. Além disso, o paciente assina um termo de compromisso para retornar ao hospital nos dias e horários agendados para a administração da medicação. “Todo o procedimento visa a segurança do paciente e dos profissionais envolvidos no atendimento", reforçou Alexandra.
Impacto no hospital e relatos de pacientes
A diretora técnica do HRMS, Patrícia Rubini, destaca a importância do serviço para a instituição e lembra como a ideia surgiu. “A ideia da OPAT floresceu sobre a minha mesa em um dia como outro qualquer. O que era apenas uma ideia, com muito esforço e dedicação, tornou-se uma realidade, que ajuda de forma imensurável tanto os pacientes quanto os familiares", lembrou.
A OPAT tem mudado a rotina de muitos pacientes, proporcionando mais conforto e flexibilidade durante o tratamento. Jussara, mãe de um adolescente de 17 anos, conta que o filho já passou pelo serviço duas vezes e aprovou a experiência.
“Ele ficou internado por 28 dias, saiu, e depois teve uma nova infecção. Na segunda internação, a médica perguntou se teríamos condições de voltar todos os dias só para tomar o medicamento. Foi ótimo. Agora, ele tem uma outra reincidência da doença, ficou três dias internado e solicitamos ao médico que ele fosse encaminhado para a OPAT, quando possível. Estamos muito satisfeitos com o atendimento em geral. É qualidade de vida (para o paciente) e desocupa leitos para outros que chegam em estado grave e, realmente, precisam”, afirmou.
Além dos benefícios diretos aos pacientes, o serviço também contribui para uma melhor utilização dos recursos hospitalares. A diretora-presidente da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (FUNSAU), Marielle Alves Corrêa Esgalha, destaca que a OPAT representa um avanço na gestão hospitalar.
“Com a OPAT, conseguimos proporcionar aos pacientes a continuidade do tratamento no conforto de suas casas, o que garante mais qualidade de vida para eles e suas famílias, além de liberar leitos importantes para novos atendimentos”, ressaltou.
Com cinco anos de funcionamento, a OPAT segue se consolidando como uma solução eficiente para otimizar internações e garantir um atendimento mais dinâmico e acessível aos pacientes do HRMS.