Por Lauren Netto
A estiagem prolongada em Mato Grosso do Sul já compromete a produção de soja no estado. Dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga MS) indicam que 949 mil hectares de lavouras estão em condições ruins, o que representa 21,1% da área plantada. Com isso, as perdas na colheita são consideradas inevitáveis, atingindo diferentes níveis de severidade.
A Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) estima uma produtividade de 51,7 sacas por hectare. Se esse índice for aplicado às áreas comprometidas, o estado pode perder até 49,06 milhões de sacas, resultando em um prejuízo potencial de R$ 5,64 bilhões, considerando a cotação atual da saca a R$ 115,00.
Na safra anterior, Mato Grosso do Sul colheu 188 milhões de sacas de soja, o equivalente a 11,2 milhões de toneladas. No entanto, as condições climáticas deste ciclo indicam uma produção significativamente menor.
Estiagem e impacto nas lavouras
O principal fator responsável pela queda na produtividade foi a falta de chuvas. Em algumas regiões, os períodos sem precipitação chegaram a 40 dias, impactando lavouras semeadas entre setembro e outubro de 2024. As áreas mais afetadas estão no sul e na faixa de fronteira do estado, onde o desenvolvimento das plantas foi prejudicado desde as primeiras fases do cultivo.
Além dos 949 mil hectares classificados como ruins, outros 973 mil hectares apresentam condições regulares, também sinalizando possíveis perdas. O monitoramento do Siga MS considera como lavoura ruim aquela que apresenta alta incidência de pragas, falhas no estande de plantas, desfolhamento excessivo, enrolamento de folhas, amarelamento precoce e outros fatores que reduzem o rendimento produtivo.
No ciclo anterior, a situação era menos grave. Em maio de 2024, quando a colheita foi encerrada, 899,8 mil hectares estavam em condições ruins, número inferior ao registrado atualmente.
Entre as áreas ainda em boas condições, o percentual chega a 57,3%, o que mantém um cenário de incerteza para a produção final.
Estimativa de produção e cenário futuro
No início de fevereiro, a Aprosoja-MS estimava que 42% das lavouras do estado haviam sido afetadas pela estiagem, mas algumas áreas ainda poderiam recuperar parte do potencial produtivo. A entidade deve atualizar a previsão quando 10% das áreas forem amostradas.
Com 17,7% da safra já colhida, a produtividade média de 51,7 sacas por hectare leva em conta os desafios climáticos. Nos últimos anos, o maior impacto negativo para a cultura da soja no estado tem sido o clima, com longos períodos de seca e altas temperaturas.
No ciclo 2023/2024, a produtividade inicial foi projetada em 54 sacas por hectare, mas precisou ser revisada para 50,5 sacas em abril do mesmo ano. O número final ficou em 48,84 sacas por hectare, o terceiro pior desempenho dos últimos 10 anos.
Apesar da expansão da área plantada na safra passada, que chegou a 4,2 milhões de hectares, o estado registrou uma retração de 17,7% na produção total, refletindo os desafios enfrentados pelos produtores.
Com as colheitas em andamento e o impacto da seca já evidente, os próximos levantamentos da Aprosoja-MS devem consolidar o tamanho das perdas para a safra atual.