Áudio de Vanessa Ricarte sobre atendimento na DEAM antes do feminicídio repercute no Jornal Nacional

Vanessa Ricarte afirmou que delegada minimizou o risco antes do crime

14/02/2025 00h00 - Atualizado há 4 meses

Por Redação

O Jornal Nacional, da TV Globo, repercutiu neste sábado (15) o áudio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, sobre o atendimento que recebeu na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Campo Grande. Vanessa foi morta a facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na última quarta-feira (12). O caso gerou forte comoção e levantou questionamentos sobre a atuação da polícia na proteção à vítima.

O Ministério das Mulheres enviou uma equipe à capital sul-mato-grossense para acompanhar as investigações do feminicídio. Durante o sábado, colegas de profissão prestaram homenagens a Vanessa e pediram reforço nas medidas de combate à violência contra a mulher. Já a família da jornalista cobra responsabilização dos envolvidos e exige a condenação do suspeito, que está preso preventivamente.

No áudio enviado a uma amiga, Vanessa relatou insatisfação com a forma como foi atendida na DEAM. Ela afirmou que a delegada que a recebeu teve uma postura fria e não forneceu informações sobre o histórico de violência do ex-noivo.

"Eu fui falar com a delegada, tentar explicar toda a situação. O jeito que ela me tratou foi bem prolixo, sabe? Bem fria, seca. E ela toda hora me cortava. Eu falei assim: não, eu queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela. Ela pegou e falou para mim que não podia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele mesmo tinha falado de agressões. Eu não posso te passar isso aí, é sigiloso… Sigilo. Assim, parece que tudo protege o cara, né? O agressor."

Vanessa também relatou que foi orientada a voltar para casa, mesmo após registrar um boletim de ocorrência contra o ex-companheiro.

"Eu falei, mas eu preciso ir para minha casa, preciso tomar banho, faz dois dias que eu não tomo banho, que eu não troco de roupa. Aí ela: então vai para sua casa. Você já avisou ele? Manda uma mensagem falando para ele deixar a casa. Então, assim, eles não entendem, né, a dimensão do negócio."

Caio Nascimento já possuía um extenso histórico de agressões contra mulheres. Segundo as investigações, ele tinha seis medidas protetivas concedidas a ex-companheiras e respondia a 13 processos relacionados à violência doméstica.

Resposta da polícia e do governo

Após a repercussão do caso, a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul divulgou uma nota afirmando que a vítima recebeu todas as orientações necessárias para sua segurança e que foi sugerido que ela permanecesse no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, o que não foi aceito.

O governo estadual informou que a Corregedoria da Polícia Civil abriu investigação sobre o atendimento prestado a Vanessa. O Ministério das Mulheres, que acompanha o caso, afirmou que a jornalista não deveria ter voltado para casa sem escolta da Patrulha Maria da Penha, conforme protocolo de atendimento da Casa da Mulher Brasileira.

O caso segue em investigação.


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