Por Andrella Okata
Mato Grosso do Sul está inserindo a agricultura familiar no mercado de créditos de carbono nos assentamentos do estado. A iniciativa utiliza o sistema agroflorestal, que integra árvores, arbustos, plantas agrícolas e, em alguns casos, animais, visando a recuperação ambiental e a preservação de biomas locais.
Cerca de 800 pequenos produtores rurais estão participando do programa, que prevê o plantio de 2,5 hectares de agrofloresta por produtor, totalizando 2.000 hectares em até quatro anos. O programa, batizado de "Agroflorestar MS – Carbono Neutro", é desenvolvido pela Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (APOMS) e conta com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semadesc), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Agraer e do Rabobank.
A proposta consiste no pagamento de créditos de carbono para os agricultores familiares, incentivando a prática de técnicas sustentáveis e agroecológicas, com foco na redução do uso de insumos químicos e na melhoria da fertilidade do solo. Até o início de 2025, 95 produtores já foram cadastrados no programa e receberam mudas de diversas espécies nativas para o plantio.
O projeto abrange os biomas Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica e visa integrar os pequenos produtores ao mercado global de carbono. Por meio de uma plataforma desenvolvida pelo Rabobank Acorn, será possível medir o crescimento da biomassa das agroflorestas e comercializar os créditos de carbono para clientes internacionais.
A iniciativa tem o potencial de criar uma nova fonte de renda para os agricultores, ao mesmo tempo em que contribui para o objetivo do estado de se tornar carbono neutro até 2030. Para garantir o sucesso do projeto, a Agraer fornecerá assistência técnica para os produtores, para que a implantação das agroflorestas e a disseminação de novas tecnologias no campo sejam feitas da forma correta.