Por Lauren Netto
Autoridades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile discutiram na última terça-feira (18), em Campo Grande, as oportunidades econômicas e os desafios do Corredor Bioceânico, que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico por meio de um trajeto rodoviário de 3.320 km. O debate ocorreu durante a abertura do Seminário Internacional da Rota Bioceânica e 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico, que segue até quinta-feira (20), no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.
O evento reúne cerca de 1.400 participantes de 22 países, incluindo gestores públicos, empresários e representantes de organismos internacionais. Durante a cerimônia, prefeitos dos municípios que compõem a rota apresentaram investimentos e destacaram os impactos positivos da integração.
O secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), afirmou que o projeto tem potencial para transformar a logística da região e atrair investimentos internacionais.
“Os senhores e senhoras podem ter certeza que as empresas do mundo, principalmente, no mercado asiático, olharam diferente para a Rota Bioceânica, que provavelmente será a grande alternativa competitiva ao Canal do Panamá. Este movimento até o momento está colocando a Rota numa posição estratégica ainda mais importante”, afirmou.
Como presidente do Comitê Gestor dos Municípios da Rota Bioceânica, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, detalhou as ações da capital para se preparar para o novo cenário econômico. Ela ressaltou que a cidade lidera o indicador de capital humano no Centro-Oeste e se destacou em 2024 com o melhor saneamento básico do país, além do selo ouro no Compromisso Nacional com a Alfabetização, concedido pelo Ministério da Educação (MEC).
Adriane Lopes também anunciou o lançamento de um aplicativo digital da Rota Bioceânica, que reunirá informações sobre Campo Grande e Mato Grosso do Sul, além de permitir a participação das cidades parceiras do corredor. Outro destaque foi a parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), responsável por um estudo para a implantação do programa “Saúde na Estrada”, voltado ao atendimento de viajantes e caminhoneiros.
O prefeito de Porto Murtinho, vice-presidente do comitê, enfatizou os investimentos em infraestrutura, educação e saúde no município. Já o governador do Departamento do Alto Paraguai, Arturo Mendez, destacou a importância da rota para a integração continental.
“Caracol está se preparando, melhorando nossas estruturas, saúde, preparando nossos cidadãos e cidadãs. A Rota Bioceânica é a grande virada de chave para todo o Mato Grosso do Sul”, afirmou o prefeito de Caracol, Neco Pagliosa.
Além das oportunidades econômicas, os gestores discutiram três pontos estratégicos para a implementação da rota: segurança, aduana e sinalização de trânsito. O seminário também conta com reuniões das comissões técnicas, estandes para exposições e apresentações culturais dos países envolvidos.
Ao final do evento, serão divulgadas as atas das oito comissões técnicas do 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceânico e publicada a “Carta de Campo Grande”, documento que consolidará os principais encaminhamentos definidos ao longo dos debates.