Por Andrella Okata
Pesquisadores da Embrapa e diversas universidades brasileiras estão unindo esforços para combater a cisticercose, uma doença parasitária que afeta bovinos e que, por consequência, impacta a saúde pública e a economia. A cisticercose é causada pelas larvas do parasita Taenia saginata, conhecido popularmente como a “tênia”. Para enfrentar este problema, a equipe adota uma abordagem integrada baseada no conceito de Saúde Única (One Health), que engloba as interações entre saúde humana, animal e ambiental.
Um dos avanços mais promissores está no desenvolvimento de uma vacina, a partir de duas proteínas, TSA-9 e TSA-18, usando tecnologia de DNA recombinante. Segundo o imunologista Flabio Araújo, da Embrapa, a vacinação visa evitar o desenvolvimento dos cisticercos nos animais e contribuir para a redução dos danos causados pela doença. O projeto, iniciado em 2023, conta com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz, UFMS, UFMT, UFG e é financiado pelo CNPq.
Além da vacina, os cientistas investigam o uso de proteínas para melhorar os testes diagnósticos, uma combinação que pode se tornar uma estratégia eficaz para o controle sustentável da cisticercose. De acordo com Lenita Ramires, bióloga molecular e pesquisadora na Embrapa em Campo Grande, a aplicação desses testes e a vacinação oferecem benefícios para toda a cadeia produtiva da carne bovina, aumentando a segurança alimentar, a qualidade da carne e a rentabilidade do setor.
De acordo com dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF), a prevalência da cisticercose em bovinos entre 2007 e 2010 foi de 1,05%, e resultou em prejuízos econômicos estimados em 100 milhões de reais. A legislação brasileira, com base no Decreto nº 10.468/2020, obriga que a carne contaminada seja tratada com métodos de congelamento ou aquecimento, alinhando-se a normas internacionais, como as da União Europeia.
Enquanto a vacina não chega ao mercado, as orientações para prevenir a transmissão continuam sendo fundamentais. Entre as recomendações estão o consumo de carne bem cozida, a ingestão de água tratada, e o cuidado com a higiene pessoal e sanitária, como o uso correto de sanitários e a lavagem adequada de alimentos.
A disseminação do conhecimento sobre os riscos da cisticercose também é uma prioridade para os pesquisadores. Em 2024, a equipe visitou escolas públicas de Campo Grande, MS, alcançando cerca de 100 estudantes com informações sobre a doença. Além disso, o podcast Cisticercose em Foco, lançado como parte do projeto, está disponível nas plataformas de mídia, trazendo entrevistas e discussões com especialistas da área para ampliar a conscientização sobre o tema.
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