Mudanças climáticas ameaçam anfíbios do Pantanal que podem desaparecer até 2100, aponta estudo

Pesquisa revela que mais de 80% das espécies da região perderão habitat devido às mudanças climáticas

19/02/2025 00h00 - Atualizado há 4 meses

Por Andrella Okata

Um estudo publicado no Journal of Applied Ecology alerta que a Bacia do Alto Paraguai, que abriga o Pantanal e seu entorno, pode perder quase todas as áreas adequadas para a sobrevivência de anfíbios até o fim do século. As projeções indicam que mais de 80% das espécies dessa classe serão impactadas, com uma perda de 99,87% das áreas viáveis no cenário otimista de emissões de gases de efeito estufa.

A pesquisa, liderada pelo biólogo Matheus Oliveira Neves durante seu doutorado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), utilizou um extenso banco de dados de localização de espécies e projeções climáticas para 2100. O estudo aponta que a principal ameaça para os anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) é a intensificação das secas e o aumento das temperaturas na região.

Atualmente, as unidades de conservação de proteção integral cobrem apenas 5,85% do território da bacia e protegem, em média, menos de 5% da distribuição geográfica dos anfíbios. Em resposta à crise climática e à perda de biodiversidade, a Convenção da Biodiversidade da ONU recomendou que 30% da superfície terrestre mundial seja coberta por áreas protegidas até 2030 – número bem superior aos atuais 17%, que englobam tanto unidades de conservação quanto terras indígenas.

Os pesquisadores sugerem a criação de novas unidades de conservação em áreas que serão mais adequadas no futuro para a preservação dos anfíbios, especialmente nas regiões de transição com o Cerrado, próximas a Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS). Além disso, destacam a necessidade de mitigar impactos da agropecuária e promover a restauração de ecossistemas aquáticos.

Mario Ribeiro Moura, coordenador do estudo e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), reforça que o avanço das mudanças climáticas exige medidas urgentes. Ele ressalta ainda que a temperatura global em 2024 já ultrapassou o limite de 1,5°C, e que sem uma mudança no modelo econômico baseado no consumo de combustíveis fósseis, os impactos sobre a biodiversidade e a sociedade serão catastróficos.


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