Por Lauren Netto
A reformulação do atendimento e da gestão da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande foi tema de uma reunião realizada na manhã da última terça-feira (18) entre representantes do Governo de Mato Grosso do Sul e do Ministério das Mulheres. O encontro buscou definir estratégias para aprimorar os serviços oferecidos na unidade.
O governador Eduardo Riedel recebeu a ministra Cida Gonçalves para alinhar ações com as equipes técnicas do Governo Federal e da Secretaria de Estado da Cidadania (SEC). Segundo Riedel, a prioridade é promover ajustes imediatos nos processos da Casa da Mulher Brasileira, garantindo um serviço mais eficiente.
“A ministra Cida veio pessoalmente, e fruto de toda essa situação que nós estamos vivendo, trazer uma série de observações, análises. Nós falhamos enquanto Estado, as diversas instituições, não é a questão de uma pessoa em específico, é o processo, conjunto da informação, tecnologia, equipamento. E a ministra vem corroborar e observar alguns pontos de melhoria que a gente tem discutido. Eu designei o nosso vice-governador Barbosinha (José Carlos Barbosa) para acompanhar a ação e as medidas. Tudo isso passa pela gestão da casa, por sistema, equipe, acolhimento. É uma série de coisas que o Tribunal de Justiça, Defensoria, Polícia Civil, psicossocial, vão ter que mudar, processos e procedimentos para a gente melhorar a nossa atuação”, afirmou Riedel.
O Governo do Estado reforçou a intenção de atuar em parceria para modernizar os serviços e integrar os processos administrativos da Casa da Mulher Brasileira. A proposta é tornar o atendimento mais ágil e acessível para mulheres em situação de vulnerabilidade.
“A gente tem um histórico de ótimos serviços prestados, e temos problemas. Então, vamos nos debruçar sobre os problemas. O principal é olhar com lupa todos esses processos e investir o que for preciso nessa cadeia de ação para que a gente tenha essa resposta para proteção às mulheres”, disse o governador.
Campo Grande foi a primeira cidade do Brasil a receber uma Casa da Mulher Brasileira, inaugurada em fevereiro de 2015. Além dessa unidade, Mato Grosso do Sul conta com 48 Salas Lilás, espaços dedicados ao atendimento de mulheres, adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica, sexual ou em situação de vulnerabilidade.
A ministra Cida Gonçalves destacou a necessidade de modernizar o sistema da Casa da Mulher Brasileira para garantir maior eficiência no atendimento.
“É importante a gente dizer que hoje, nós não conseguimos ter um sistema que um converse com o outro, que as informações corram por dentro da casa, o sistema ainda é manual. As falhas são de toda a estrutura organizacional da casa, o sistema tecnológico que ainda está aquém do que é necessário para atender as mulheres em situação de violência. Eu quero dizer às mulheres de Campo Grande, de Mato Grosso do Sul, acreditem nesse serviço, não desistam, nós estamos aqui para melhorar, porque ele é um serviço de qualidade, e nós vamos verificar e voltar à gestão das diretrizes e protocolos que nós tínhamos desde o início, quando a casa foi pensada, do atendimento integrado, humanizado”, declarou a ministra.
A reunião contou com a presença do vice-governador José Carlos Barbosa (Barbosinha), da secretária de Estado da Cidadania Viviane Luiza, da subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres Manuela Bailosa, além de representantes do Ministério das Mulheres, como Graziele Carra Dias (ouvidora), Pagu Rodrigues (diretora de Proteção de Direitos), Katia Guimarães (chefe de gabinete da ministra) e Marcelo Seferin Pontes (coordenador-geral de Infraestrutura).
Desde janeiro de 2024, o Governo do Estado e o Governo Federal firmaram cooperação técnica para fortalecer políticas de enfrentamento à violência de gênero, incluindo a expansão da Casa da Mulher Brasileira para Dourados e Corumbá. Em julho do mesmo ano, o Ministério das Mulheres anunciou a construção de mais uma unidade em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, por meio de uma parceria entre os governos federal, estadual e a Itaipu Binacional.
Atualmente, apenas dez unidades da Casa da Mulher Brasileira estão em funcionamento no país. A ministra reforçou a necessidade de padronizar os procedimentos e revisar a gestão administrativa para garantir maior integração entre os serviços prestados.
“Nós temos só dez Casas da Mulher Brasileira em funcionamento, uma é a de Campo Grande. Nós vamos adotar todos os procedimentos na maioria dos estados, pois é o governo do Estado que já tem a gestão, e tem 70% dos serviços na casa. Nós queremos voltar a discutir esse processo. E a gestão é administrativa, política dos andamentos, das negociações a serem feitas, porque cada instituição tem a sua autonomia. Você precisa negociar toda vez, cada caso, cada procedimento”, pontuou Cida Gonçalves.