Por Lauren Netto
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), em parceria com instituições nacionais e internacionais, confirmou a presença do tatu-mirim (Dasypus septemcinctus) no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas. O estudo, que contou com o apoio da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio de Três Lagoas (SEMEA), combinou registros de armadilhas fotográficas e análises genéticas para identificar com precisão a espécie.
O tatu-mirim, uma das menores espécies de tatu, é pouco estudado e frequentemente confundido com outros animais do gênero Dasypus, como o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus). Embora sua distribuição geográfica inclua Mato Grosso do Sul, os registros eram escassos e incertos. A confirmação de sua ocorrência no estado representa um avanço para o conhecimento sobre a fauna local.
A descoberta foi feita por meio de dois registros: um obtido com armadilhas fotográficas e outro a partir da análise genética de um animal atropelado. Para eliminar qualquer dúvida sobre a identificação da espécie, os pesquisadores sequenciaram o DNA mitocondrial da amostra e compararam os dados com bancos genéticos.
“O uso da genética foi fundamental para validar a presença de Dasypus septemcinctus na região. As análises moleculares não apenas confirmaram a espécie, mas também contribuíram para uma melhor compreensão de suas relações genéticas com outras subespécies”, explica Carla Gestich, coautora do estudo e especialista em genética da conservação.
O coordenador do estudo e presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, destaca a relevância do Parque do Pombo para a preservação dos Xenarthra — grupo de mamíferos que inclui tatus, tamanduás e preguiças. Segundo ele, até o momento, já foram identificadas oito espécies desse grupo no parque.
Os pesquisadores ressaltam que a descoberta reforça a necessidade de ampliar os esforços de monitoramento e conservação no Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do mundo. “O Cerrado está desaparecendo antes mesmo de termos a chance de registrar toda a sua diversidade. Corremos o risco de perder espécies que nem sequer sabemos que existem aqui no MS”, alerta Desbiez.
Além de confirmar a presença do tatu-mirim, o estudo destaca o Parque Natural Municipal do Pombo como um refúgio para diversas espécies ainda pouco documentadas. A descoberta de novas espécies na região mostra que ainda há muito a ser estudado sobre a fauna local.