Heitor, por que você não grava vídeos? Por que só escreve artigos, textos? Você não acha que o futuro são os vídeos? Não vejo você divulgar seu conteúdo utilizando recursos audiovisuais, todo mundo faz, por que você não faz também?
Sempre recebo essas perguntas nas minhas publicações, e resolvi responder escrevendo — como de costume. Eu me adapto na velocidade do tempo, não na velocidade do que desejo. Ler me ensina diariamente isso, em vez de ver um vídeo curto, rápido e resumido, eu teclo no texto profundo que conecta.
O fato de escolher transmitir minha energia escrevendo não me faz fechar os olhos para o momento em que vivemos, de alta velocidade. Fast isso, fast aquilo, não temos muito tempo para perder, correto? No contexto atual, a tendência é ler um texto ou assistir um vídeo de 15 segundos?
Nós sabemos a resposta, mas eu ainda prefiro nadar contra a correnteza. Ir de encontro ao óbvio, ser do contra. Prefiro incentivar a leitura ao meu próprio modo, ao menos para que eu seja a pausa no seu dia acelerado, para que você freie e pare alguns minutos para ler algum conteúdo aqui. A ideia? Acrescentar mais alguns minutos no seu cofre da leitura diária. E para o Heitor? Para mim, proporcionar esses momentos para você é relevante.
Quando você lê, você coloca seus pés no sapato do outro, e se coloca em um lugar diferente na leitura. Ao pensar o que levou essa “persona” a tomar uma determinada decisão boa ou ruim, ao se aprofundar, você faz um exercício de compaixão. Ao ler, é possível partilhar o sofrimento do outro, sentir junto, chorar, rir… tudo ao mesmo tempo.
Ler nos entrega isso, esse banquete de sentimentos. Sentimentos que fazem o cérebro trabalhar a imaginação, a criatividade e nos leva a montar nosso próprio cenário, baseado no que é relevante e personalizado para cada um de nós. Por isso, ler nos transforma em pessoas melhores por um simples motivo: nos possibilita sair do nosso muro cultural e nos colocar na posição do outro.
Ler nos insere em um ambiente maior, podendo, em uma mesma história, nos levar a compreender diferentes perfis e entender todas as partes que constroem o comportamento do todo.
Algumas pessoas dizem que sou solitário, que tenho prazer em ficar sozinho lendo, e às vezes digo que quem não lê está muito mais sozinho e solitário do que quem lê. Saiba que, necessariamente, em algum momento nós estaremos sozinhos - e certamente eu não estarei sempre com as pessoas de quem eu gosto. Lendo obras notáveis ou obras técnicas, lendo livros de filosofia ou romances, me conecto a lugares e pessoas.
Acredito que ler nos deixa cada vez mais pensativos, com dúvidas, e não ler nos deixa cada vez mais com certezas. Não pense que é o contrário, realmente não é. Ler pouco é pensar pouco e, como consequência, é ter a absoluta certeza sobre quase tudo.
A cada dia que passa e a cada livro que leio, eu não tenho certeza sobre absolutamente quase nada, mas uma das certezas que eu tenho é de que o meu silêncio em dizer algo é simplesmente porque meu cérebro está produzindo o melhor conteúdo para te entregar, algo que em um texto agrega - já em um vídeo, talvez não.
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