Enquanto você lê essa matéria (na revista impressa, é claro), consegue imaginar de onde veio o papel em que ela foi impressa e os processos necessários para que você tivesse esta percepção sensorial?
A cada hora, 37 mudas de eucalipto são plantadas no Brasil – uma média de 1.666 por hectare. Ao todo, são 10 milhões de hectares de florestas plantadas, sendo 7,6 milhões de eucalipto, 2 milhões de pinus e 387 mil hectares de outras espécies.
Agronomicamente, as condições de clima e solo favorecem o desenvolvimento do eucalipto no país - vantagem enorme na concorrência com outros produtores. Na última década, nossa área plantada dobrou, colocando o Brasil na frente de países com potencial produtivo. Temos ainda, a maior capacidade de volume por metro cúbico em curto período.
Para entender melhor, a matemática é básica: produzimos pouco mais de 40 metros cúbicos por hectare em um ciclo de 7 anos, enquanto países da Europa, como Suécia e Finlândia, produzem 4 m³/ha num ciclo de maturação entre 15 e 30 anos. Somos altamente competitivos no mercado mundial de celulose e de MDF com madeira descompactada. Do eucalipto, 36% são para papel e celulose, 12% para siderurgia e carvão vegetal, 6% para painéis de madeira e pisos laminados e 4% são produtos sólidos de madeira. De toda madeira industrial utilizada atualmente, 91% são de florestas plantadas, o que mostra que o setor é sustentável, especialmente quando ocupa áreas de pastagens que sofriam algum processo de degradação.
Na década de 1970, incentivos fiscais motivaram a tentativa de implantação da atividade em Mato Grosso do Sul, mas a iniciativa foi inviabilizada por não haver mercado consumidor, como existe hoje. Faltava, ainda, infraestrutura de desenvolvimento para o setor industrial, além dos altos custos com frete, que impossibilitaram escoar a produção para outros estados. Porém, foi essa tentativa que ajustou o mercado para a atualidade.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área total de MS é de 35,71 milhões de hectares. Na estimativa do Centro de Gestão Ambiental e Recursos Naturais da Embrapa Gado de Corte, a cada dois hectares de pastagens (de um total de 18,6 milhões), um está degradado e é em cima dessas áreas que a floresta avança, chegando a mais de 1,1 milhões de hectares.
Olhando globalmente, MS reúne as melhores condições para a cultura, como clima, altitude, solo, luminosidade, além da pluralidade do setor agro e a experiência da década de 1970, que reforçam a aptidão para a floresta plantada solteira ou em sistemas integrados, como a ILPF (integração lavoura, pecuária, floresta).
Em 2010, quando Três Lagoas abriu as florestas para investimentos, o cenário econômico do município mudou. Hoje, mantém o 2º lugar no PIB nominal estadual, com R$ 10,32 bilhões, atrás apenas da capital. Já Ribas do Rio Pardo irá receber a maior empresa de celulose do mundo. A Suzano irá aplicar R$ 14,7 bilhões no Projeto Cerrado, empreendimento que trará impacto econômico de 5% no PIB estadual e, só a obra, deve gerar 10 mil empregos.
Tudo indica que o sertão voltará a ser mar; só que agora, mar de madeira!
LINK|-|https://drive.google.com/file/d/1ZrKKSLmxqNbars0F5i0HGwhVFnVj3Zdy/view?usp=sharing|-|2° EDIÇÃO CGCity