MS na CPI da covid: A política nem sempre é feita à base de interesses pessoais

Simone Tebet se destaca na CPI da Covid e mostra que a política nem sempre é feita à base de interesses pessoais

30/04/2022 00h00 - Atualizado em 06/05/2022 às 19h45

A senadora Simone Tebet se destacou na CPI da Covid em função de características bem conhecidas pelo eleitor sul-mato-grossense: ela fala bem, é muito envolvida com os temas da política e, consequentemente, sempre se expressa com conhecimento de causa. Suas intervenções, como inquiridora dos depoentes, têm sido consistentes e ajudado bastante nos trabalhos da Comissão. Ao participar ativamente da CPI, um público mais amplo passou a conhecer a senadora, rompendo os limites de Mato Grosso do Sul.

Há, porém, algo que mudou em sua atuação: o seu posicionamento diante de Bolsonaro. Sabe-se que o PT vem sendo sucessivamente derrotado em MS, tanto no primeiro quanto no segundo turno em eleições presidenciais. Em 2018 não foi diferente, e o agravante de desempenho do voto antipetista, dado a Bolsonaro, foi mais eloquente do que nas eleições anteriores.

É natural que o perfil conservador de Simone (que votou tanto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, quanto pela aprovação do teto de gastos no Governo Temer) a levasse ao alinhamento à Bolsonaro na campanha de 2018. Porém, passados menos de três anos da posse do presidente, a senadora, a julgar por seu desempenho na CPI da Covid, parece ter mudado de posição.

Sua nova postura tem a ver com o desempenho do governo Bolsonaro em relação à pandemia e como isso tem sido recebido junto ao eleitorado. Nenhum político muda de posição sem que sua base eleitoral faça o mesmo. A Simone Tebet que vemos na CPI da Covid representa uma fatia importante dos eleitores de Mato Grosso do Sul que hoje estão insatisfeitos com o governo federal. A sua inflexão revela como a pandemia e o gerenciamento da crise sanitária pelo presidente vem sendo mal avaliados, mesmo em um estado com um eleitorado predominantemente conservador.

Muita coisa pode mudar até 2022. É possível que a maior parte da população brasileira esteja vacinada até o final de 2021, facilitando a retomada da economia. Com pandemia sob controle e a economia rodando no ritmo pré-pandêmico, a tendência é de melhorias na avaliação de Bolsonaro.

Como ninguém tem bola de cristal, é impossível dizer qual será o impacto na recuperação da atividade econômica causado pelo aumento do preço da energia elétrica, e tampouco se sabe se haverá ou não racionamento. Caso a imagem de Bolsonaro melhore em 2022, não deve ser descartada uma reaproximação entre as posturas públicas de políticos conservadores e as do presidente.

É claro que os discursos dos políticos em sua vida pública vão além da conexão com seus eleitores. Cada indivíduo tem seu conjunto de valores e crenças, a julgar pela atuação da senadora na CPI da Covid, expressando uma enorme e compreensível indignação ao que vem ocorrendo no Brasil. É possível que, em seu caso específico, não ocorra uma segunda inflexão no ano eleitoral de reaproximação a Bolsonaro.

Essa simples dúvida revela como será complicada a eleição de 2022, uma vez que o candidato que mobilizou o desejo de mudança de 2018 parece ter fracassado, mesmo na visão de eleitores de um estado de maioria conservadora.

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