O arroto é o excesso de gases no estômago ou na parte superior do intestino liberado pela boca. Arrotar pode ser falta de educação ou sinal de boa educação, a depender do contexto cultural. Condenado no Brasil, o arroto, na China e na Arábia Saudita, é considerado um bom sinal, indica que a pessoa ficou satisfeita com a comida.
Na pecuária, na eructação dos animais - em especial dos ruminantes - não é julgada pela educação, mas pela preocupação ambiental. Mas qual a relação do arroto animal com o meio ambiente? A razão é o gás metano, expelido como um subproduto do processo digestivo do animal.
Segundo pesquisadores dos efeitos da ruminação no meio ambiente, o metano é o segundo maior contribuinte para o aquecimento global, atrás apenas do CO2, o dióxido de carbono, emitido em especial pela indústria petrolífera.
A Climate Accountability Institute publicou, em 2019, um relatório que revela as empresas que mais emitem gases do efeito estufa em todo o planeta. Todas as 20 indústrias listadas são do setor petrolífero e foram responsáveis por 35% das emissões de dióxido de carbono do planeta de 1965 até 2017.
O censo do agronegócio, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a pecuária brasileira cresceu 0,4% em 2019, chegando a 214,7 milhões de cabeças de bovinos depois de dois anos de retração. Esse crescimento foi motivado, em grande parte, pelo mercado internacional, que tem demandado maiores volumes dos produtos do nosso agro.
Observa-se uma dependência mundial do Brasil na produção de alimentos, ao mesmo tempo em que há uma cobrança sobre os sistemas produtivos e seus efeitos colaterais, dentre eles, a emissão de gases. O país não é só o grande celeiro do mundo, mas também o pulmão do planeta. No início dos anos 2000, o mundo voltou a atenção para o Brasil e passou a cobrar pelas questões ambientais, em especial quanto à redução do desmatamento na Amazônia.
Mas, o que o setor tem feito para mitigar a emissão de gases do rúmen bovino e de outros sistemas produtivos? Quais tecnologias estão sendo adotadas para contribuir para a redução? A resposta está bem aqui, em Campo Grande, na Embrapa Gado de Corte, que desenvolveu o projeto Carne Carbono Neutro (CCN), com a criação de animais integrados em um sistema de pastos e árvores cultivadas, o silvipastoril (IPF).
Segundo Roberto Giolo, pesquisador da empresa, a temática vem sendo debatida desde 2005, quando o governo brasileiro criou o Plano ABC, após episódios de cobranças ambientais. Ele aponta que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano emitido por 11 bovinos adultos por hectare ao ano, sendo que a taxa de lotação usual no Brasil é de 1 a 1,2 animal por hectare.
A Embrapa criou o selo CCN e registrou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Em 2020, o primeiro frigorífico a adotar o selo foi o Grupo Marfrig, que lançou uma linha de produtos de origem bovina que não agride o meio ambiente, apelo forte para combater as narrativas contrárias e agregar valor à carne produzida no Brasil.
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