As crianças nascem buscando nossa atenção. É uma necessidade biológica e humana receber a presença e atenção do outro. Elas também buscam pertencimento e aceitação dos adultos, desejando o tempo todo nossa aprovação. Lembrando que todos nós - adultos e crianças - buscamos essa aceitação e gostamos de nos sentir incluídos, temos também a necessidade de fazer parte de um grupo.
O ambiente em que as crianças crescem é capaz de moldar o comportamento delas. Podemos refletir: como está o ambiente em casa? Como está a qualidade do ambiente onde vivo? O que eu posso fazer para melhorá-lo? Ele está propiciando um espaço saudável para o desenvolvimento mental e emocional das crianças?
A interação da criança com o outro também é fundamental para seu desenvolvimento cerebral. Uma criança que se sente negligenciada fará menos conexões neurais e terá seu aprendizado afetado.
Agora, vamos imaginar uma situação em que a criança está brigando com o irmão mais novo. Ela quer o brinquedo que está com o irmão e tenta a todo custo retirar das mãos dele. O mais novo chora e vamos interferir. Nesse momento, a criança mais velha recebe a nossa atenção, mesmo que essa atenção venha através de uma bronca. Para a criança, inconscientemente, ela conseguiu que parássemos tudo para receber essa crítica ou bronca, ou seja, ela conseguiu a nossa atenção, que é tudo que ela mais deseja e procura. E, então, a criança segue se comportando mal, num ciclo vicioso, em que ela acredita que quando se comporta mal, ela recebe nossa atenção.
Uma outra situação em que podem acontecer pedidos de atenção é quando falamos para a criança: “Espere um pouquinho, já vou”, “Agora não posso, estou ocupado”. A criança começa a acreditar que ela tem pouca importância e não se sente abastecida da nossa presença.
Ela recebe migalhas de atenção e pode começar a ter alguns comportamentos difíceis e interpretados erroneamente por nós: “Ah, ela só está querendo chamar a atenção”. Porém, não é só isso. Precisamos observar o seguinte: no dia a dia, estou dando atenção de forma proativa e positiva? Estou encorajando essa criança? Estou reconhecendo as pequenas coisas que ela faz? Estou atento ao que ela fala e sente? Dar atenção de forma positiva é mostrar que a criança importa! É fazer mais coisas “com” a criança do que “para” a criança, é ela se sentir escutada, sentir que é aceita e importante.
Em alguns momentos, podemos passar um tempo de qualidade com os filhos e mesmo assim eles demandarem muito da nossa atenção. Podemos comunicar: “Filho, vou estar esse tempo com você e depois, quando for tal hora, precisarei tomar banho/ entrar numa reunião/ cuidar de outra coisa”. Esse é um momento de criar intimidade emocional e explicar para seu filho a verdade: “Meu amor, fiquei todo este tempo com você e agora eu preciso trabalhar um pouco (ou fazer outra coisa) e depois que eu acabar eu volto, ok? O que você quer fazer enquanto isso?”. Ofereça algumas opções de atividades e confie.
Ajuda muito para nossos filhos que eles saibam quando vamos poder estar com eles e quando não vamos poder. Eles precisam de previsibilidade, isso dá paz a eles. Dessa forma, fortalecemos as conexões que realmente são importantes.
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