“Walk the talk”, ou simplesmente “viva de acordo com suas palavras”. Essa frase em inglês, bem curta na escrita, possui um significado gigantesco. Ser coerente parece fácil, mas podemos nos contradizer na dicotomia do falar e fazer. Para ser coerente é preciso refletir, decidir o que queremos e o que não, quais valores nos sustentam e partir em busca do autoconhecimento. Sermos menos julgadores e mais acolhedores. Simplificarmos as coisas e sermos mais receptivos às mudanças. Seria diferente nos negócios?
Marcas também constroem confiança através de comportamentos. E os comportamentos devem basear-se em princípios claros. Esses princípios devem trazer o seu propósito para a vida, estabelecendo as diretrizes psicológicas dentro do qual uma marca opera. É como ter um manifesto, um statement, e fazer daquilo algo real, independente de quem esteja observando.
Sabemos identificar quando uma empresa pratica greenwashing, socialwashing ou purposewashing, uma espécie de “verniz" que as marcas usam para falar que estão fazendo algo pelas pessoas e pelo meio ambiente, assim como em seu propósito, mas que não passa de algo superficial, sem direcionamento, comprovação ou consistência. Por isso, quando uma empresa fala que faz, é realmente importante que ela faça. No mundo corporativo, a coerência também é conhecida como compliance. E pode acreditar, não existe crescimento sustentável e cultura corporativa saudável sem compliance.
A coerência, embora desafiadora, é essencial nos negócios. Refletir sobre valores, buscar o autoconhecimento e adotar uma postura menos julgadora são passos fundamentais. Marcas constroem confiança por meio de comportamentos alinhados aos princípios claros. Nesse contexto, a construção de uma identidade de marca baseada em princípios é elaborada a partir de um manifesto, uma declaração, que transcende a mera comunicação superficial.
Tornar esses princípios tangíveis, independentemente do observador, é o que diferencia uma marca autêntica. No mundo dos negócios, a consistência também é conhecida como cumprir as regras. Isso significa também mostrar que a empresa leva a sério valores como honestidade e responsabilidade.
Uma empresa que opera em conformidade com seus princípios cria uma base para a inovação responsável e a resiliência frente a desafios imprevistos. A cultura corporativa saudável, por sua vez, floresce quando os colaboradores veem a coerência como uma bússola orientando suas atividades diárias.
A década de 2030 está logo aí e com ela vem uma conta: o cumprimento global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que traz 17 diretrizes para que as empresas, cidadãos e governos atuem de forma efetiva perante a fome, a desigualdade, a inclusão, o uso responsável de recursos naturais, entre outros.
Nosso zeitgeist exige posturas das empresas em relação aos principais desafios que enfrentamos enquanto sociedade. É preciso estarmos atentos a toda pequena decisão que seja. E para encerrar, fico com um provérbio chinês que diz: "Somente os tolos exigem perfeição, os sábios se contentam com a coerência.”