A obesidade e as dificuldades para emagrecer: Pessoas obesas não são preguiçosas, mas sim acometidas com uma doença que precisa de sensibilidade no tratamento

14/11/2023 00h00 - Atualizado em 22/01/2024 às 19h02

O obeso geralmente é vítima de um julgamento perverso por parte da sociedade, e eventualmente, por profissionais da área da saúde ainda pouco informados. A ideia de que obesidade é um conceito de doença, para comer menos ou praticar exercícios físicos é uma ideia antiga. O fato é que a obesidade é tão geneticamente determinada quanto a altura do indivíduo.

O obeso não é preguiçoso, não come demais. A obesidade é uma doença crônica que necessita de tratamento como qualquer outra doença crônica. De acordo com os dados mais recentes, estima-se que quase 2 bilhões de adultos, o correspondente a 39% da população adulta mundial, sejam obesos ou com sobrepeso. Se as tendências atuais continuarem, espera-se que 1 bilhão de adultos, quase 20% da população mundial, sejam clinicamente declarados obesos até 2025.

A obesidade está associada a muitas doenças e anormalidades, como diabetes tipo 2, dislipidemia, doenças cardiovasculares, hipertensão, certos tipos de câncer, pneumológico, nefrológico, músculo esquelético, reumatológico, dermatológico e neuropsicológico, e está associada à mortalidade prematura.

Essa doença, especialmente o tecido adiposo visceral disfuncional, é o principal fator de muitas anormalidades metabólicas, incluindo resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose, dislipidemia aterogênica níveis elevados de triglicérides e apolipoproteína B, aumento da proporção de partículas pequenas e densas de LDL, conhecida como “gordura ruim", baixos níveis de colesterol HDL e suas pequenas, e está associada a uma inflamação de baixo grau.

Cito, abaixo, alguns fatores que explicam a dificuldade que a maioria dos obesos possuem, em perderem peso:

1 – Quando perdemos peso, a gordura se atrofia, isto é, diminui de tamanho, fazendo o nível de leptina - hormônio responsável pela saciedade - diminuir e, consequentemente, aumentar o apetite.

2 – O obeso tem um alto nível de leptina, porém, o cérebro cria uma resistência a esse hormônio, fazendo com o indivíduo tenha fome mesmo tendo no organismo o hormônio da saciedade elevado.

3 – Quando o paciente diminui a quantidade de alimento, o corpo libera um hormônio que provoca a fome (grelina), dificultando a adesão a dietas restritivas. O obeso tem baixo nível de grelina e alta sensibilidade pelo mesmo, fazendo com que sinta fome mesmo possuindo níveis baixos do hormônio.

4 – A insulina é um hormônio anorexígeno que diminui a fome e estimula a saciedade. Contudo, o obeso tem resistência sobre este hormônio, mesmo tendo a insulina basal alta.

5 - O obeso tem a capacidade de fazer adaptação fisiológica, o que gera uma redução da taxa metabólica (metabolismo lento). Estes e outros motivos complexos fazem com que o obeso tenha dificuldade de perder peso ou mantê-lo, mesmo após uma dieta.

6 - A obesidade é uma doença que faz adaptações metabólicas importante levando a resistência a leptina (hormônio da saciedade produzida pela gordura), aumento da grelina (hormônio produzido pelo estômago responsável pela fome), esse desequilíbrio hormonal acomete o acúmulo de gordura corporal e visceral essa última a mais perigosa.

Vários fatores podem levar a obesidade além de refeições calóricas e ultraprocessados, fatores genéticos, ambientais (poluição), doenças virais e bacterianas, problemas na gestação. Dessa forma, é importante sensibilidade dos profissionais e da população em geral, para não cair no conto do vigário de que obesidade é sinônimo de preguiça. Os acometidos com essa essa doença precisam tratá-la pelo resto da vida, não só com mudança do estilo de vida, mas também com medicamentos associados.


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