A educação brasileira tem se destacado internacionalmente e isso está imbricado pela pouca-idade de atividade técnico-formativa das nossas instituições educacionais. Tenho discernido – cultural e academicamente – que distante de qualquer processo comparatista, a educação brasileira ocupa um espaço cultural importantíssimo no cenário mundial. Sempre debato a respeito da disparidade do acesso à educação, contudo, os números grassam positivos e compensatórios resultados desde a educação básica até os níveis de pós-graduação em seus processos e aplicabilidades mensuráveis na educação contemporânea latino-americana, com destaque – indubitavelmente – para o Brasil.
Tenho pensado nessa tensão, pois atuo em todos os níveis educacionais até aquele que quantifica e concede dados como a pesquisa. Nessa seara intermitente, o assertivo tom que se deve adotar – muito embora os dados sejam parcialmente desastrosos – está para o secular produto institucional europeu, quando então me refiro às seculares universidades e escolas europeias que discernem a educação como bancada de apreciação e execução quase dez vezes há mais tempo que os nossos tratados educacionais no Brasil. Como instituição integral, por exemplo, a primeira universidade brasileira organicamente fundada em nosso país foi a Universidade do Rio de Janeiro (URJ), inaugurada em 1920, ou seja, anterior a essa data, muitos cursos de ensino superior e colégios brasileiros já atuavam, contudo, não tinham a completude e robustez de uma universidade aos moldes cartesianos europeus.
Ainda que pesasse a cópia do ensino tradicional europeu nos corredores do Brasil, essas instituições e estruturas supracitadas não podem, de fato, serem comparadas aos países latino-americanos, sobretudo, pela experiência quase milenar da aplicação dos processos educacionais, enquanto em muitos países da América Latina, instituições celebram 90 anos de atividade como a Universidade de São Paulo (USP). O que devo tensionar aqui é na verdade uma justa proposição comparatista. Deveríamos comparar as instituições brasileiras com a régua das históricas instituições europeias e até mesmo estadunidenses? O fato é que mesmo tão jovem em atividade científica, a USP foi a primeira universidade do mundo a desenvolver e aprovar com altíssima eficácia uma vacina segura para a imunização contra a dengue.
Guardadas as devidas proporções, estaríamos nós, brasileiros, portanto latino-americanos aquém da respeitabilidade educacional e científica para com o restante do mundo? A ferida colonial que nos restou, a nós, pelos portugueses e aos demais colegas latinos, a espanhola, pode nos promover a um questionamento: somos de fato uma região inoperante e que deve continuar fora dos grandes debates educacionais e científicos mundiais ou ainda somos permissíveis ao passo que o restante do mundo faça o que fora feito com Cesare Lattes e seu Prêmio Nobel de física que não foi entregue por ser simplesmente um pesquisador brasileiro em 1950? Os saberes latino-americanos existem somente aos olhos daqueles que conhecem a história que nos traz até aqui.