Empreender no Brasil e praticar um esporte radical são quase sinônimos. Afinal, são atividades de alto risco e, de certa forma, pouco previsíveis. Em primeiro momento, acreditamos estar no controle da situação, mas facilmente saímos dela, seja por um fator externo como política, economia e tributação, seja por um fator interno. E é exatamente neste segundo que tratarei aqui.
Aprofundando em nossa analogia, na Fórmula 1 o piloto, através de sua equipe, tem à sua disposição uma quantidade exorbitante de dados que são essenciais para guiar o carro da melhor forma possível: umidade da pista, previsão de chuva, nível da frenagem, DRS, temperatura dos pneus e do motor, monitoramento da asa dianteira, da asa traseira, entre vários outros.
Sabendo disso, imagine um piloto levando seu carro ao extremo, em uma volta rápida, sem saber que seus pneus estavam frios. Seria catastrófico, ele perderia o controle na primeira curva. E o pior, enquanto seu carro sai da pista, os outros adversários, munidos de dados e informações, o passariam sem dificuldades. E acredite, não importa quem seja, Lewis Hamilton ou Ayrton Senna, sem dados precisos, ambos disputariam o último nessa corrida. E é exatamente isso que acontece com os empresários.
Nesses meus últimos anos assessorando financeiramente empresas percebi que existem vários “Hamiltons” e “Sennas” que tentam guiar a sua empresa sem saber com precisão a temperatura de seus pneus. São empresários fantásticos e tão talentosos quanto os pilotos mencionados. Entretanto, estão guiando suas empresas com muita dificuldade ou com pouco resultado, enquanto a concorrência, muitas vezes com menos talento e qualidade, ganha mercado e escala seus negócios. Simplesmente por não saber todos os números de seu negócio.
Apenas para exemplificar o que já vi: grandes construtoras que não monitoravam a combinação entre banco de terrenos e taxa de juros, transportadoras que não ponderavam com precisão a depreciação de seus caminhões, restaurantes que precificavam mal seus produtos, academias que não colocam no seu preço a troca de equipamentos a cada 6 ou 7 anos, e outros negócios diversos que não elaboravam DRE, DFC e Balanço em regime de competência.
Mas então, quais as consequências de pilotar uma empresa sem saber com precisão seus números? Pela minha experiência, é simples, prejuízo financeiro e estagnação. São as ocorrências mais comuns. Vou explicar, se a empresa não tem uma coleta de dados interna fidedigna e estruturada, ela nem mesmo elaborará um DRE em regime de competência. Agora eu lhe pergunto, como a empresa saberá seu real lucro no período sem um DRE detalhado em regime de competência? E pior, sem DRE não há DFC, e assim, impedida de elaborar um DFC, como os empresários saberão quanto eles podem retirar de lucro sem que prejudique a empresa? Você sabe a resposta, impossível!
Portanto, a mensagem que quero passar com este artigo é: controle sua empresa! Você não precisa ser talentoso para chegar em primeiro lugar nessa corrida, basta você ter o controle preciso dos números do seu negócio, isso lhe trará mais segurança, assertividade nas decisões e, o principal, maiores lucros.
