Envelhecimento precoce dos dentes: atenção aos sinais

Especialistas alertam para o envelhecimento precoce dos dentes, uma nova preocupação que vai além da cárie e está diretamente ligada ao estilo de vida moderno

23/05/2024 00h00 - Atualizado em 23/05/2024 às 12h45

Crescemos ouvindo que a cárie era o grande vilão e que, na idade adulta, a doença periodontal era a principal responsável pelos problemas da boca. Aí aprendemos a escovar bem os dentes e a cuidar das gengivas, mas, na verdade, há algo mais com que devemos nos preocupar. O envelhecimento precoce dos dentes. É uma doença contemporânea, com relação direta com nosso estilo de vida. A tão temida lesão cariosa, ou seja, a cárie, depende de bactéria e é combatida com escova de dente, creme dental e uma dieta com menos açúcar. As pessoas aprenderam isso. Já a doença não cariosa, que no passado parecia uma exclusividade da faixa etária acima dos 70 anos, hoje é encontrada com grande frequência em jovens de 20-30 anos. 

Sem dúvidas, o envelhecimento precoce é um dos maiores desafios da odontologia nos dias de hoje. Não é tão simples de diagnosticar e tratar como uma lesão de cárie. Hoje, quando recebemos um paciente, a anamnese tem que ser muito ampla, precisamos saber seu estilo de vida, hobby, profissão, alimentação, se tem condições de distúrbios do sono, distúrbios alimentares, psiquiátricos, se é fumante, etc. Entenda as correlações. 

O paciente que é atleta, seja amador ou profissional, durante o exercício físico tem uma grande perda de fluídos corporais, podendo levar a uma desidratação e diminuição do fluxo salivar. Se o exercício em questão for a corrida, ele pode fazer o uso de um carboidrato fluido, aquele que dá mais energia para continuar a corrida, mas, esse produto tem um alto índice de açúcar (além da viscosidade e baixo pH) que somado a boca seca por conta do baixo fluído torna o esmalte do dente suscetível a corrosão. Lembrando que alguns exercícios de forma extenuante podem levar a um aumento do refluxo gastroesofágico por conta da grande produção de lactato, trazendo então mais uma fonte ácida para a superfície do dente, levando a um aumento na corrosão dentária. 

Agora vamos dar o mesmo exemplo de um atleta, mas agora esse atleta é nadador. O que acontece? Se a piscina não tiver uma grande fiscalização e controle do seu pH, os subprodutos do cloro que não forem neutralizados irão tornar o pH muito baixo, a depender da frequência da exposição, pode causar uma grande corrosão nos dentes do paciente. 

E os atletas de crossfit e musculação? Você já reparou que quando você está fazendo um grande esforço para carregar peso ou para fazer algum movimento que requer sua concentração e estabilidade você aperta os dentes? Exatamente isso. Esse apertar dos dentes durante o exercício físico causa uma grande sobrecarga oclusal. 

Trouxe alguns exemplos de como os dentes podem ser afetados em um simples momento de atividade física. Mas nossos pacientes não são apenas atletas, são pais que não dormem direito que não tem um bom ciclo do sono reparador e por isso passam o dia ainda mais cansados e estressados, são empresários atarefados que em muitos momentos passam o dia apertando o dente sem nem reparar, são filhos sobrecarregados que apertam os dentes nervosos, são ex-bariátricos que tem um grande volume de ácido voltando do estômago e mesmo que eles não sintam esse ácido voltando nós conseguimos ver o desgaste corrosivo no dente, são fumantes de vapes que trazem o líquido ácido para a cavidade oral sem dizer também no lítio e níquel que fumam por tabela, são ansiosos e  depressivos que tomam remédio e sem saber do efeito colateral que estimula o apertamento dentário, são bulímicas que trazem todo o pH do estômago para a cavidade oral, são os pacientes com distúrbio salivares que perdem o efeito protetor da saliva nos dentes e tecidos orais. 

Cada paciente é único, por isso poderíamos passar o dia descrevendo suas particularidades. Mas, a intenção aqui é apenas o de trazer a você a conscientização dessa nova doença que estamos enfrentando. 

Os sinais clínicos muitas vezes são: Amarelamento do dente (que muitas vezes já não vai mudar com o clareamento), trincas nos dentes, desgastes nas incisais (pontinha do dente), recessão gengival, hipersensibilidade, dor muscular, dor articular, fratura do dente, tratamentos que não duram a longo prazo, tratamento de canal sem não ter nenhuma cárie. 

Corpo saudável não quer dizer boca saudável. 

Fique atento aos sinais e procure um especialista. 


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp