Em entrevista, a atriz Sophie Charlotte revelou que quanto mais era questionada sobre sua “volta” após o nascimento dos filhos (volta ao trabalho, volta ao peso, volta ao corpo, volta a rotina), mais se via desconectada da mulher que foi antes da maternidade. Sua resposta foi: “Eu passei por um portal de luz e amor e não quero voltar”. A entrevista é de 2020, mas recentemente ganhou muita visibilidade e repercussão nas redes sociais devido ao sucesso da personagem Eliana vivida por Sophie na novela Renascer da Rede Globo.
A maternidade é de fato uma das maiores transformações pela qual uma mulher pode passar e realmente é muito difícil imaginar que sua vida poderia voltar ao que era antes de ser mãe. Durante o puerpério, o período que segue o parto e se estende por cerca de seis semanas, a mulher enfrenta diversas mudanças físicas e emocionais. Além das adaptações necessárias para a recuperação pós-natal, muitas mulheres lidam com questões relacionadas à pressão estética, uma preocupação crescente que pode impactar seu bem-estar psicológico e emocional.
A pressão estética refere-se às expectativas e padrões de beleza impostos socialmente, muitas vezes exacerbados por mídias sociais e padrões culturais. No puerpério, essas pressões podem se manifestar de várias maneiras, influenciando negativamente a maneira como a mulher se percebe e como se sente em relação ao próprio corpo. Soma-se ainda a questão hormonal, que pode causar alterações significativas na aparência da pele, cabelo e composição corporal. Além disso, o cansaço e a exaustão causados pela privação de sono e pelos cuidados intensivos com o bebê exacerbam a sensação de pressão e desgaste emocional.
O suporte de profissionais de saúde desempenha um papel crucial nesse cenário, trazendo expectativas realistas e promovendo a recuperação funcional do corpo. A estética corporal deveria ser apenas o reflexo de uma reabilitação pós-parto bem conduzida por profissionais capacitados e não uma pressão imposta pela sociedade.
A reabilitação abdominal, por exemplo, é o tratamento que mais impacta a estética e a autoestima da mulher, mas trata-se de uma recuperação funcional de músculos do centro do corpo, responsáveis por garantir a sustentação da coluna, impactando diretamente na correta execução de movimentos e atividades de vida diária. Após uma cesárea, a recuperação abdominal é ainda mais importante pois a incisão cirúrgica pode resultar em um enfraquecimento adicional da musculatura abdominal.
A busca pela volta da funcionalidade corporal feminina deveria ser a prioridade e a recuperação estética uma consequência inevitável, porque afinal de contas nenhuma mulher voltará ser o que era antes de ser mãe (em nenhum sentido) mas é imprescindível que o seu corpo esteja apto a proporcionar toda vitalidade que lhe será exigida nos próximos anos.
A verdadeira transformação que a maternidade proporciona deve ser celebrada e acolhida, com o foco na saúde e bem-estar da mulher, reconhecendo que a beleza está em cada fase do processo e não apenas no retorno a um ideal estético.