Esse texto não foi escrito pelo Chat GPT

13/09/2024 00h00 - Atualizado em 14/09/2024 às 20h22

Dia desses, um colega confidenciou-me que havia descoberto um robô escritor que redigia, criava as imagens e postava em seu site coisa de 400 artigos por dia. Uma máquina de fabricar conteúdos que, em termos de velocidade, deixaria pra trás toda a equipe deste jornal e de tantos outros mundo afora.

Tal fato me faz lembrar uma teoria que circulou pelas redes em 2019 chamada de Teoria da Internet Morta. Segundo ela, a internet que conhecemos hoje é bastante diferente daquela que começou a se popularizar a partir da segunda metade dos anos 90. Naqueles primeiros dias, os próprios usuários eram responsáveis por manter a comunidade ativa e criar o conteúdo que consumiam.

No entanto, por volta de 2017, essa dinâmica mudou drasticamente. A internet original, como era antes, praticamente desapareceu, cedendo lugar a um controle dominado por inteligência artificial. Como resultado, a maior parte do conteúdo, atualmente disponível, é gerado reciclado por essas IAs. Embora ainda existam conteúdos produzidos por humanos, eles se tornaram cada vez mais escassos e marginalizados.

Confesso que vou suprimir a parte conspiratória da teoria, que sugere que governos e grandes corporações estão por trás dessa transformação com o intuito de controlar a população, para que possamos nos concentrar nos fatos. Até o ano passado, mais de 30% do conteúdo disponível na internet era produzido por IAs, e a expectativa é que, até o final de 2026, elas sejam responsáveis por 90% do conteúdo da internet.

Cerca de 30% dos referidos robôs têm objetivos maliciosos e estão por toda parte, Google, Facebook, Instagram, até mesmo no Tinder já é possível se deparar com os androides. Geralmente, eles vivem de pequenos golpes, criam contas para vender produtos proibidos, enviam links maliciosos, simulam mulheres ofertando pornografia, enviam boletos falsos, roubam dados, corrompem influenciadores humanos e por fim, obtêm lucros substanciais para seus criadores.

Os outros 70% também não são tão bonzinhos, já que muitas vezes são projetados para manipular algoritmos de busca e engajamento. O robô redator que citei no começo do texto, por exemplo, cria um alto volume de conteúdo para ser encontrado mais facilmente nas buscas do Google e levar tráfego para o site de determinada empresa. Essa mesma estratégia é utilizada por blogs para gerar receita em cima de anúncios na plataforma Google AdSense, onde empresas pagam o serviço para aparecer em milhões de sites pela internet.



O mais curioso é que em um estudo realizado pela Barracuda Network foi constatado que 48% do tráfego da internet também é realizado por robôs. Então não seria leviano concluir que o conteúdo gerado por robôs, por vezes, gera receita de anúncios consumidos por outros robôs, enquanto empresas alimentam esse ecossistema comprando mídia ruim com seus “media buyers” arrotando números estrondosos de acessos.

O fato é que a Teoria da Internet Morta já se tornou uma constatação, e esse é um dos principais motivos que me levaram a começar a escrever. Não por competição, pois essa guerra já está perdida, mas para que eu encontre meus pares pelo caminho e possamos construir uma comunidade saudável através da comunicação humanizada verdadeira.


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp